Prevenção ao suicídio, visibilidade da comunidade surda, conscientização sobre o câncer infantojuvenil e sensibilização à doação de órgãos. No mês de setembro, as cores amarela, azul, dourada e verde ganham novos significados.
Além do apelo pela prevenção ao suicídio, também colorem o mês de setembro outras três cores: azul, verde e dourado. O azul destaca a causa dos surdos, visando a uma maior inclusão da LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), que é o segundo idioma oficial do Brasil. A cor escolhida tem origem na Alemanha ainda nazista, quando os surdos eram obrigados a usar uma fita azul para serem identificados, seguindo a mesma lógica do uso da estrela de David entre os judeus. Hoje, a fita azul foi ressignificada e é usada com objetivo de identificação da causa. É importante lembrarmos que o Setembro Azul ocupa um espaço fundamental, já que muitas vezes a comunidade surda é apagada dos espaços de convívio público. A inclusão no Brasil (e no mundo) precisa sair do papel e se tornar efetiva.
Já o dourado, neste mês representa as crianças com câncer. A ideia é criar uma força-tarefa de conscientização com pais, professores e profissionais da saúde, para que os primeiros sintomas não passem despercebidos e o diagnóstico seja feito de forma rápida. A campanha é essencial no Brasil que, por ser um país em desenvolvimento, tem maior taxa de incidência de casos em detrimento dos desenvolvidos: com uma população infantil de 50%, a proporção do câncer nas crianças representa de 3% a 10% do total de neoplasias.
Por fim, o verde chama a atenção para causas em que o diálogo é essencial. O Setembro Verde defende a importância da doação de órgãos e tecidos. O Brasil possui, por meio do SUS (Sistema Único de Saúde), o maior sistema de doações de órgãos público do mundo. O transporte desses órgãos é feito pelos aviões da FAB (Força Aérea Brasileira), numa parceria entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Defesa. Em 2018, a doação de órgãos caiu 20% no RS, segundo dados da Secretaria da Saúde, e a taxa de negação por parte das famílias é superior a 40%, número preocupante. Para além da responsabilização das famílias, também é importante entender falhas no momento de captação e abordagem. Campanhas como “Uma vida pode salvar 8” e todos os esforços acabam sendo pouco neste contexto.
Ironicamente, todas essas matizes, amarelo, dourado, verde e azul, são as que ilustram a bandeira brasileira. Neste mês, representam causas que refletem parte dos problemas que o Brasil enfrenta em diversas esferas da saúde pública. Atualmente, 75% da população do país depende exclusivamente do SUS (Sistema Único de Saúde). Porém, na contramão da importância que o sistema público tem na vida dos brasileiros, congelamentos de gastos e cortes ameaçam o seu pleno funcionamento. O Humanista manifesta seu apoio às causas de todas as cores, e em defesa do SUS. Assim, esperamos que, no futuro, quando a primavera chegar, não precisemos falar de nada além das flores!